sábado, 29 de junho de 2013



Numa seleção habituada a participar nas grandes competições, as qualificações para as mesmas poderão passar a ser uma miragem, dentro de poucos anos. A famosa “Geração de Ouro” de Figo, Rui Costa, João Pinto, etc, praticamente acabou no Euro´2004, no qual Portugal chegou à final. Na atual geração, são cada vez menos os jogadores que assumem um papel de destaque nos grandes clubes europeus e cada vez mais aqueles que já passaram ou estão em vias de passar a barreira dos trinta anos de idade.



A falta de soluções aos habituais titulares é evidente e preocupante. Para dar um exemplo, quando não joga Nani, quer por lesão, quer por falta de ritmo de jogo no Manchester United, entra para o seu luga Vieirinha. Com todo o respeito pelo atleta formado no FC Porto, quando se substitui um jogador do campeão inglês por um jogador, atualmente, no Wolfsburgo, que passou a maior parte da carreira em clubes de menor expressão no panorama futebolístico europeu, algo está mal e têm de ser tomadas medidas para que estas situações não se tornem cada vez mais recorrentes. 

No entanto, a qualidade do jogador português não decresceu abruptamente de um momento para o outro. Apesar de não haver muitos selecionáveis nos planteis dos grandes clubes da Liga Zon Sagres, há claramente qualidade nos clubes mais pequenos. Um exemplo que espelha esta qualidade é Luís Neto. O jovem central que, há apenas duas épocas, se encontrava no Varzim, está agora no Zenit São Petersburgo e muito próximo da titularidade na seleção nacional, “bastando” para isso que faça mais exibições como a que realizou na vitória frente à Rússia. 

É muito estranho o facto de um jogador com esta inegável qualidade não ter sido contratado por um dos grandes do futebol português, quando ainda se encontrava a competir em território nacional. Este caso mostra a preferência destes clubes na aposta de jogadores estrangeiros, face ao “produto” nacional. Para bem do futuro da equipa de todos nós, é necessária uma mudança de mentalidades dos dirigentes portugueses. 

O primeiro passo para essa mudança foi dado pelo campeão nacional, durante as últimas semanas. Ao invés de contratar sul-americanos, por exemplo, os dragões asseguraram os serviços de alguns dos jogadores que mais se destacaram no campeonato que recentemente terminou. Licá, Josué, Tiago Rodrigues e Ricardo Pereira são a prova viva desse primeiro passo.

As “fornadas” de jogadores que se encontram, atualmente, nos sub-19 e nos sub-20 são motivo de esperança. Muitos daqueles promissores jogadores podem ser, dentro de poucos anos, ou até alguns meses, opções válidas para a seleção principal. Nas camadas jovens e nas equipas B dos maiores clubes portugueses, despontam, na maioria das posições, com muito potencial. Mas vamos por partes:

Começando pela baliza. Rui Patrício, ainda jovem para um guardião, faz deste posto o que menos motivos de preocupação necessita. Se tudo correr como se espera, será titular durante a próxima década. Apesar disso, nomes como Mika, melhor guarda-redes do Mundial de Sub-20 de 2011, ou José Sá, titular no Mundial de Sub-20 a decorrer , poderão vir a ser concorrência de peso.

No lado direito da defesa, João Pereira, já com vinte e nove anos, deverá disputar a sua última grande competição internacional em 2016, no Campeonato da Europa, que se realizará em França. O seu fim deverá coincidir com o aparecimento do campeão nacional de juniores, João Cancelo. O jovem encarnado é um dos jogadores em quem os dirigentes depositam maiores esperanças e, dentro de pouco tempo, espera-se que seja promovido ao plantel principal, para fazer concorrência a Maxi Pereira. Outros, como Cédric Soares ou André Almeida, podem aspirar a chegar à seleção principal.

Passando para o posto mais preocupante, no centro da defesa, Pepe e Bruno Alves, com trinta e trinta e um anos, respetivamente, estão a entrar na fase final da carreira. Para além de Luis Neto, já referido anteriormente, a dupla de centrais dos sub-20 tem muito potencial. Tiago Ilori, do Sporting, e Tiago Ferreira, do FC Porto, poderão vir a ter um papel relevante. Não deve ser, também, esquecido Fábio Cardoso, atleta do Benfica e capitão dos sub-19. Apesar de ter sido júnior na época transata, disputou muitos encontros pela formação secundária dos encarnados. 

Na posição da defesa que resta, Fábio Coentrão deverá ser dono e senhor, durante largas épocas. Para o substituir, não há nenhuma solução imediata mas deverão ser tidos em conta nomes como Mica Pinto, do Sporting, ou Pedro Rebocho, do Benfica.

No meio-campo, a quantidade de “Jovens Promessas” existentes é grande. João Moutinho e Miguel Veloso estão no auge das carreiras, mas Raúl Meireles, com trinta anos, passará o testemunho, a médio prazo. Nos sub-20, João Mário, André Gomes, Tozé, Agostinho Cá ou Tiago Silva, e nos sub-19, Bernardo Silva, João Teixeira ou Francisco Ramos, entre outros, tornam o futuro da seleção portuguesa risonho.

Nas alas, Bruma, Ivan Cavaleiro, Ricardo Pereira ou Ricardo Esgaio são hipóteses a longo prazo para suceder a Nani e Cristiano Ronaldo. 

Por fim, na frente de ataque, o mal-amado Hélder Postiga contabiliza já trinta primaveras. Nelson Oliveira é, de longe, o ponta de lança mais promissor do futebol português, mas a sua vida na Luz não será fácil. Aladje ou Gonçalo Paciência, por exemplo, serão alternativas. 

O futuro da nossa seleção, à semelhança do do país, será complicado. Contudo, há motivos suficientes para acreditar que tal poderá vir a mudar. A criação das equipas B foi um passo importantíssimo rumo a esta mudança. O futuro da seleção portuguesa está dependente dos grandes clubes portugueses.

Total de visualizações