sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Entrevista a Kiki Afonso (Atlético CP)



Jovens Promessas – Lançado no futebol federado pelo modesto Marinhas, deu em 2008 o salto para o FC Porto, clube ao qual esteve ligado durante três temporadas. De que forma classificaria a qualidade dos azuis e brancos ao nível da formação?


Kiki Afonso – Como todos sabemos, o FC Porto é um grande clube e uma enorme instituição. E, para mim, por muito pouco que tenha sido o tempo que por lá passei, a qualidade ao nível da sua formação é muito boa, pois nesses dois anos sinto que aprendi e evoluí bastante. 

JP – Consegue, de forma direta, apontar o jogador mais talentoso com quem se cruzou no Olival?

KA – Isso não é uma resposta nada fácil, porque, como eu tive uma curta passagem, foram vários os jogadores que me marcaram pelo seu talento. 

JP – Em 2011, na transição para o escalão de juniores, acabou por se dar o ponto final na sua ligação aos dragões. Foi uma decisão sua ou pode considerar-se que foi uma dispensa por parte do clube? Que pontos positivos encontra na sua passagem pela instituição?

KA – Pode-se dizer que foi uma dispensa por parte do clube... Não tenho nada de negativo a apontar aos anos que lá passei. Foi tudo positivo, pois consegui jogar e crescer como jogador. Aprendi com grandes treinadores, que sempre me tentaram ajudar, e a parte do departamento pedagógico também foi muito importante para mim. Muito da pessoa que hoje sou, devo-o a essa instituição.

JP – Nas duas temporadas seguintes, representou o Rio Ave Futebol Clube - Oficial, onde chegou a ser colega de Nuno Santos, atual jogador da equipa B do Benfica. Como sabe, o extremo é uma das maiores esperanças do clube e muito acarinhado pela massa adepta, após um fantástico primeiro ano de águia ao peito. Tendo partilhado balneário com o atleta, que tem a dizer sobre o mesmo? Esperava esta ascensão na sua carreira?

KA – O Nuno é uma excelente pessoa, muito preocupada e atenciosa, e dentro de campo sempre trabalhou para ser o melhor. Eu sempre acreditei nele e sabia que ele iria ser recompensado, porque sempre foi uma pessoa muito trabalhadora, e sem dúvida merece tudo aquilo por que está a passar.

JP – Terminada a sua formação, rumou ao Dagenham & Redbridge FC, do quarto escalão do futebol inglês. Pode explicar como surgiu esta oportunidade e por que motivo aceitou o convite?

KA – Inicialmente, não foi esse o clube que aceitei. Recebi proposta do Stoke City e aceitei-a. Quando fui para lá e treinei com eles, segundo sei, não houve entendimento nas negociações. Depois, ainda estive em mais dois clubes da Premier League e o mesmo sucedeu. Mais tarde, em última instância, aceitei este convite, para jogar e poder sair em breve... 

JP – Recebeu, para além da enviada pelos ingleses, alguma outra proposta? Não houve interesse do Rio Ave em tê-lo na equipa principal?

RA – Sim, houve. Eu estava já a treinar com a equipa principal, na fase final do meu último ano como júnior, e até comecei a fazer a pré-época com o Rio Ave. A minha ideia era ficar, porque sabia que estava num clube que me ajudou. E o mister Nuno Espírito Santo até apostou em mim e me deu uma estreia na Primeira Liga profissional, algo que nunca esquecerei! Mas, infelizmente, ninguém chegou a acordo em relação ao contrato, daí a minha saída.

JP – Em entrevista à "Jovens Promessas", Rafael Floro, lateral esquerdo do Sheffield Wednesday, afirmou que no futebol inglês se joga de forma mais direta e com mais contacto físico. Relativamente ao português, que diferenças encontrou no futebol praticado no berço da modalidade?

KA – Eu tenho a mesma opinião do que ele. Lá, o futebol não passa por trocar muito a bola. É mais um futebol muito físico e direto. Aqui, conseguimos jogar mais, ter mais bola e não é tanto aquele futebol físico. É claro que aqui tem a sua parte física, mas não tanto como lá! 

JP – A verdade é que acabou por não jogar pela equipa britânica. Tal facto deveu-se apenas aos problemas físicos que o afetaram?

KA – Sim, infelizmente um problema físico afastou-me muito cedo e não tive oportunidade para me mostrar.

JP – Meses após a sua ida, regressou a Portugal, para representar o Atlético Clube de Portugal. Quão difícil é para um jovem saído há pouco do futebol de formação ganhar a titularidade num conjunto da competitiva Segunda Liga?

KA – Confesso que não imaginava que fosse assim tão complicado, e ainda por cima com uma equipa extremamente experiente, como é a do Atlético, com muitos jogadores experientes. Mas, sendo muito complicado, até porque muitos dos que lá estavam inicialmente não me aceitavam, nunca deitei a toalha ao chão e sempre disse a mim mesmo que iria dar-lhes um motivo para mudarem de opinião. Queria fazê-lo dentro de campo e assim foi. Felizmente, o primeiro jogo que fiz correu-me bem e as opiniões começaram a mudar. Isso deu-me ainda mais força para mostrar que estavam enganados no início.

JP – Como imagina a sua carreira daqui a dez anos?

KA – É difícil ter uma resposta para essa pergunta, porque futebol é o momento, e de hoje para amanhã pode-nos surgir algo extraordinário, que não esperamos, e podemos mudar as nossas vidas... Mas eu espero estar ao mais alto nível, num grande clube, e, claro, que seja concretizado um dos meus sonhos como jogador: jogar na mítica Liga dos Campeões! 

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