sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Entrevista a Rúben Barbosa (SC Heerenveen)



Jovens Promessas – Apesar de ser natural de Santa Maria da Feira, assinou bastante jovem pelo Sporting. Anos depois, viria a representar o FC Porto. Que aspetos positivos identifica na sua passagem por estes dois clubes? Sente que ganhou "andamento" suficiente para fazer carreira no futebol profissional?


Rúben Barbosa – Sim, foram duas boas experiências, em duas escolas diferentes, com formas diferentes de trabalho, mas ambas com bastante valor. Respondendo à segunda questão, sim. Como é óbvio, a exigência nestes clubes obrigou-me a evoluir, e muito, como atleta. 

JP – Quem foi o jogador mais talentoso com quem se cruzou nas camadas jovens dos dragões?

RB – Para mim, o jogador com mais talento e potencial para chegar ao topo, e que jogou comigo, foi sem dúvida o Rúben Neves, não só por aquilo que ele era dentro de campo, mas também por aquilo que era fora das quatro linhas: um líder. 

JP – No Verão deste ano, acabou por colocar um ponto final na sua ligação ao FC Porto, para rumar aos holandeses do Heerenveen. Que motivos levam um atleta na transição para a equipa de juniores de um grande a aceitar a proposta de um clube dos Países Baixos?

RB – As propostas do Heerenveen e de outros clubes holandeses já vinham da época anterior. Optei pelo Heerenveen porque, na minha opinião, a aposta na transição para o futebol sénior em Portugal é muito menos frequente do que nos clubes holandeses. Optei pelo Heerenveen também por ser um clube em que é frequente trabalhar jovens para os lançar cedo na equipa principal. Temos vários exemplos. Entre eles, Filip Djuricic. E mais recentemente o Bilal [Başaçıkoğlu, extremo turco de 19 anos], que foi vendido ao Feyenoord esta época. 

JP – É certo que havia feito uma semana de testes no Heerenveen ao logo da temporada anterior, mas de que forma tiveram os dirigentes dos 'Superfriezen' acesso a si? Isto é, como é que o descobriram?

RB – Foi no Torneio Sub-16 da UEFA, no Algarve. Nessa prova, estava a representar a seleção nacional e convidaram-me a visitar o clube, para eu conhecer a realidade daquilo que poderia encontrar. 

JP – Quais as principais diferenças que encontrou no futebol holandês, relativamente ao praticado em Portugal?

RB – As diferenças que encontrei residem principalmente na intensidade de jogo, na competitividade e na vertente física, porque o futebol aqui é muito mais rápido. 

JP – No caso específico do clube que representa, como classifica a qualidade da formação? Superior à de FC Porto ou Sporting?

RB – São realidades diferentes. Para mim, a formação do Heerenveen está mais próxima da realidade do Sporting do que do Porto. No Porto, dá-se mais importância à posse de bola e à organização táctica, enquanto que no Sporting há uma maior liberdade para o jogador, em termos de criatividade. A formação do Heerenveen é boa, apostam bastante em jovens e temos condições de excelência para trabalhar. 

JP – Quão difícil é para um jovem de 16 anos ir sozinho viver para um país claramente diferente de Portugal e com um idioma em nada semelhante ao nosso? A adaptação foi muito complicada?

RB – Para ser sincero, esperava mais dificuldades em termos de integração. O idioma não está a ser uma barreira para mim, porque domino bem o inglês. Já estou a ter aulas de holandês e já consigo ter algumas conversas. A nível desportivo, fui bem acolhido e todos me apoiaram, desde jogadores a equipa técnica e dirigentes, entre outros. 

JP – Quem é, na sua opinião, o lateral esquerdo cujas características mais se assemelham às suas?

RB – O jogador com quem mais me identifico é o Fábio Coentrão. E também o jovem defesa esquerdo do Valência José Gayá.

JP – Tenciona um dia mais tarde regressar a uma equipa portuguesa ou, pelo contrário, fazer todo o seu percurso no estrangeiro?

RB – Tenciono fazer todo o meu percurso no estrangeiro, a não ser que no futuro haja uma proposta de um dos clubes grandes portugueses.

JP – Como imagina a sua carreira daqui a dez anos?

RB – Para já, estou concentrado em atingir os meus objetivos a curto/médio prazo, aqui no Heerenveen. Espero que daqui por dez anos esteja nos grandes palcos do futebol europeu. 

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