quinta-feira, 16 de abril de 2015

O triunfo dos milhões


Confirmando todas as expectativas, o Chelsea assegurou facilmente a vitória na segunda edição da UEFA Youth League. Com uma equipa a todos os níveis impressionante, os blues não necessitaram sequer de sofrer, já que nenhum adversário se aproximou do seu nível. Dominic Solanke, que marcou na final (vitória por 2-3 sobre o Shakhtar Donetsk), superou o espanhol Munir El Haddadi e tornou-se no recordista de golos da competição, com doze. 

Desmistificando o mito de que até nas camadas jovens os londrinos têm jogadores “de todo o lado”, a equipa iniciou o derradeiro encontro com nove ingleses no “onze”, dos quais oito pertencem aos quadros do clube desde os treze anos ou menos, o que em tudo valoriza o trabalho desenvolvido na formação. É arriscado dizê-lo, é certo, mas este conjunto demonstrou um nível de tal forma elevado que, com a mesma autoridade, bateria o Barcelona que venceu a prova em 2013/14.

De facto, o Chelsea apresentou um conjunto notável, praticamente sem pontos fracos. Da impressionante capacidade física à soberba qualidade técnica, passando ainda pela cultura tática, tudo se revelou mais do que suficiente para apostar forte na conquista do troféu. Igualmente impressionante neste estilo de jogo é a facilidade com que, através de grande mobilidade e passes curtos, a bola circula nas imediações da baliza adversária, transformando os defesas em meros espectadores.


Na baliza, Brad Collins praticamente não se mostrou, dado o pouco trabalho que teve. À sua frente (da esquerda para a direita), Jay Dasilva, Jake Clarke-Salter, Andreas Christensen e Ola Aina deram liberdade aos homens mais avançados para se aventurarem no ataque sem grandes preocupações defensivas. No meio-campo, começa o espetáculo: Charlie Colkett, discreto mas atualmente grande destaque nos meios de comunicação, recolhia na defesa e servia de forma exemplar os elementos mais adiantados; Loftus-Cheek enchia o campo exibindo força, qualidade técnica e capacidade de passe; e Charly Musonda participava nas permanentes trocas de posição, espalhando o pânico com o seu luxuoso toque de bola.

No último terço, um trio que fez delirar inúmeros espectadores: Isaiah Brown, Dominic Solanke e Jeremie Boga. Cada um à sua maneira, todos contribuíram de forma irrefutável para as fantásticas exibições que se sucederam desde a primeira jornada. Na base de todo este sucesso encontra-se, claro está, o dinheiro.

Ainda que grande parte dos jogadores tenha chegado com tenra idade a Cobham (localização da academia), outros, que já eram pretendidos por diversos colossos europeus, tiveram de ser negociados. Para além disso, a folha salarial ultrapassa largamente as de equipas profissionais portuguesas, por exemplo. Para se ter uma ideia, Andreas Christensen, contratado em 2012 ao Brondby, aufere à volta de cem mil euros mensais (sim, leu bem). Loftus-Cheek não andará longe e os restantes certamente que não se contentariam com migalhas destes valores…

Se é verdade que nunca o Chelsea esteve tão perto de voltar a ter jogadores da casa na primeira equipa – o último a afirmar-se foi… John Terry – não é menos verdade que consegui-lo é uma tarefa monumental, tendo em conta o reduzido espírito de aposta na formação e a chegada anual de produtos acabados (entenda-se craques).

Embora as probabilidades sejam remotas, selecionaria Loftus-Cheek, Isaiah Brown e Dominic Solanke como atletas mais próximos da transição para a equipa A. Loftus-Cheek pela admiração que Mourinho nutre por si e, porventura, pela escassez de soluções para o meio-campo. Isaiah Brown, segundo mais jovem de sempre a jogar na Premier League, então ao serviço do WBA, devido à polivalência. E Dominic Solanke, não só devido às suas características, que encaixariam na perfeição no modelo de jogo dos blues, mas também pela previsível reforma de Didier Drogba, terceiro ponta de lança do plantel. Já para não falar, como é óbvio, do incrível potencial de cada um deles e da cada vez maior pressão exercida pela imprensa.

Acerca de Solanke e Isaiah Brown, o Special One afirmou que assume toda a responsabilidade caso estes não se tornem internacionais ingleses. Ruben Loftus-Cheek, por seu turno, já foi lançado num encontro da Liga dos Campeões, diante do Sporting.


Tem a palavra José Mourinho.

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